Revolvi o pó de meus versos,
Cavei fundo, cavouquei palavras,
Limpei letras, juntei E, S com Ç,
Formei esperança, sentença.
Contemplei vogais: ditongos em saltos,
Cinco letras de mãos dadas: Oásis!
Soterrada, a esperança minava.
Sorri. Vesti-me de coragem,
Embaralhei letras incertas.
A terra fofa convidava a escavar
No solo, vocábulos luzentes bailavam!
Clandestinas palavras, dissimuladas,
A média distância eram esguelhas!
Mirei-as! Inexatidão pareava-se à restrição,
Indigestão, insensatez marcavam o charco.
De soslaio, insensíveis, maliciosas,
Moviam-se entre seixos, torrões,
Dissimuladas, sumiam-se pelo penedo.
Gritei. Clamei: - Esperança!
Que sentença há para os meus versos?
São versos potentes, vigorosos, poeta!
São tempos árduos, pugilista da palavra!
Escarafuncha, esgaravata o solo!
Contempla, admira as palavras,
Explicita, ecoa, faça voar os vocábulos!
Teça! Resgata a voz da leveza perdida!
Sem serventia é o que vive no barro!
Mar. 2019