quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Porão das palavras

 

Revolvi o pó de meus versos,

Cavei fundo, cavouquei palavras,

Limpei letras, juntei E, S com Ç,

Formei esperança, sentença.

Contemplei vogais: ditongos em saltos,

Cinco letras de mãos dadas: Oásis!

Soterrada, a esperança minava.

Sorri. Vesti-me de coragem,

Embaralhei letras incertas.

A terra fofa convidava a escavar

No solo, vocábulos luzentes bailavam!

Clandestinas palavras, dissimuladas,

A média distância eram esguelhas!

Mirei-as! Inexatidão pareava-se à restrição,

Indigestão, insensatez marcavam o charco.

De soslaio, insensíveis, maliciosas,

Moviam-se entre seixos, torrões,

Dissimuladas, sumiam-se pelo penedo.

Gritei. Clamei: - Esperança!

Que sentença há para os meus versos?

São versos potentes, vigorosos, poeta!

São tempos árduos, pugilista da palavra!

Escarafuncha, esgaravata o solo!

Contempla, admira as palavras,

Explicita, ecoa, faça voar os vocábulos!

Teça! Resgata a voz da leveza perdida!

Sem serventia é o que vive no barro!

Mar. 2019

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