Transporto-me
ao ano de 2004. Um bom momento a recordar. Compus o júri do I Concurso Reescrevendo o futuro: cidadania
hoje para viver melhor o futuro, na etapa regional, desenvolvido pela
Secretaria de Administração Penitenciária paulista, envolvendo mulheres presas.
O evento, por seus objetivos, teve repercussão internacional.
E
se, viver é muito perigoso, segundo Guimarães Rosa, viver é também afinar um
instrumento de dentro pra fora e de fora pra dentro, dizem os versos de Walter
Franco. Foi o que presenciei nas modalidades abrangidas pelo certame: prosa,
verso, estética, simpatia. Por que não afinar o instrumento, mesmo privado da
liberdade?
Uma
noite em que o sonho, a crença e a criação daquelas mulheres costuravam um
destino diferente, ao sonhar pela liberdade ainda ausente, à época. Teciam o
sonho de ser livre nas prosas e versos marcados pela saudade de um tempo livre.
Com palavras soltas, expressavam a memória dos braços não abraçados, dos beijos
não dados, do filho distante, num eu-lírico afinado com a nostalgia e a
esperança.
A
beleza e a simpatia, apesar do nervosismo, da ansiedade, e muito de emoção,
também encheram de futuro as candidatas. A noite do evento vestia de princesas
a beleza de mulheres, prisioneiras no corpo, soltas, porém a escritas e passos
que lhe permitiam desenho um futuro melhor.
Ações
educativas exigem constância. Seus resultados podem não vicejar de imediato. Educação
que liberta é tomar a pessoa como centro, fazê-la afinar seu instrumento,
despertar sua potencialidade.
12/05/2009
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