sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Cinzas do caminho


Depois que a casa cai – se ainda restou o muro – é quase sempre aquele, o lugar para as lamentações. Que o diga o Clube de Regatas Vasco da Gama, de São Januário, para referendar apenas um dos times que deixará a elite do futebol brasileiro, em 2009.
Dentre as lamentações, é comum abrir a temporada de caça aos culpados, a ponto de se esquecer de que a vida e as coisas que nela há são edificadas em conjunto, por pessoas, responsáveis para orquestrar o ritmo e o compasso pretendido para fazê-las acontecer.
Assim, a cantilena que embala as lamentações ao redor do muro, soa com os versos freqüentes, em forma de questões: por que não lá? Por que não na casa do vizinho? Por que nesse ano? Não dava para esperar mais um pouco? Quem sabe a gente encontre uma saída na próxima temporada? Dá para acreditar que isso tenha de acontecer com a gente? E, por aí, vai...
Enquanto as dores não se suavizam e a serenidade não seja bastante para retomar o raciocínio, as cinzas da caminhada farão apontar culpas e culpados. Porém, em tempos de quedas coletivas é preciso respirar e reconhecê-las como parte da vida. Não é demais lembrar o que Fernando Pessoa evidenciou em versos “Eu nunca conheci quem não tivesse levado porrada da vida” e o que Noite Ilustrada, ao cantar, imortalizou: “Reconhece a queda/ E não desanima/ Levanta, sacode a poeira/ E dá volta por cima.
É possível, quando paralisado pela queda, que um pouco de poesia e de música bastem para entender que quando se planta mal, colhe-se mal e que, no incerto desenho da vida, haverá sempre um cenário novo e, nele, pessoas novas e, o novo Sol, para aquecer dias melhores, e amalgamar o caminho a novas vitórias.
08/12/2008

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