sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

De crianças e escolas


É fevereiro, 18. Temporada não só de carnaval. As águas do segundo mês do ano levam, com suas enxurradas, as férias escolares, em especial, as das escolas oficiais do Brasil. Já ecoa longe a lembrança das festas natalinas, de ano bom e da quietude de janeiro. 
As aulas reiniciam. As ruas ganham vida: crianças, mochilas, carrinhos de material escolar, uniformes movimentam-se: aquarela o quadro escolar. Descortinam-se, para pais e alunos, expectativas e promessas. A vida escolar é um varal: nele se estende mais um ano de esperanças.
Os discursos de educadores e de pais evidenciam que a escola representa, de fato, esse varal, mesmo que às vezes seja tanta a roupa a estender, pouco o prendedor a fixá-las, ou mesmo a incerteza quanto à resistência da corda. Sobre ele as expectativas de renovação repousam fixas, como roupa de festa.
Não resisti à curiosidade do primeiro dia de aula e busquei na sinceridade das crianças a confirmação da crença da educação escolar como um varal resistente. Do segundo ano do ensino fundamental vem a resposta de uma garotinha à questão: por que você está na escola? “Porque aprendo um monte de coisas”. E exemplifica: “por que quando ficar velha vou ler as coisas; posso saber ler Mercado lá no alto e ler o nome de todas as coisas que ele vende”.
A fala da menina faz eco com a de um colega de quarta série. “Estou na escola para ser alguém na vida; para ter uma boa profissão, para ter uma vida melhor, para ser gente...”.
As crianças desenham seus desejos e fixam-se em seus varais. Para isso, escola se planeja, se critica e estuda-se, para estampar felicidades, já!
É bom ouvir os sinais! É bom ouvir as crianças. Feliz 2009 letivo!
17/02/2009

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